O ano é 2007. Halo 3 acabou de ser lançado e caiu nas graças do público, ganhando vários prêmios e consequentemente se tornando um dos melhores jogos da sétima geração de consoles. Ao dar um final um tanto quanto ambíguo para o Master Chief, a Bungie não renovou o contrato com a Microsoft e decidiu ser uma desenvolvedora independente. Porém, nesta época, a empresa tinha dois jogos em desenvolvimento da franquia então eles aproveitaram para fazer algo diferente, que vai além da narrativa que criaram nos três primeiros jogos — ele seria Halo 3: ODST.
A equipe foi dividida em três; uma para um projeto próprio que é o Destiny, outra para Halo Reach e a última para Halo 3: ODST. Mas o que muitos não sabem é que ODST foi desenvolvido de última hora em apenas 14 meses e só foi idealizado após o cancelamento de outro jogo.
Se trata de Halo: Chronicles, um projeto desenvolvido pela Wingnut Interactive cuja história giraria em torno de um soldado comum que foi capturado pelo Covenant. Este soldado possui tecnologia Forerunner em seu corpo, o que o deixaria mais ágil possibilitando até mesmo dar impulsos no ar. Seu combate seria semelhante ao da série Batman Arkham.
Um dos membros mais importantes que fazia parte da equipe de Halo Chronicles é certamente o Peter Jackson (diretor, escritor e produtor da trilogia Senhor dos Anéis), mas por problemas de diferenças criativas, o jogo não foi para frente e foi cancelado em meados de 2009. Com o prazo bem apertado de apenas quatorze meses para entregar um jogo à Microsoft, a equipe precisava criar um jogo do zero e não tinham certeza com o que conseguiriam entregar com o tempo tão curto.
Caso esteja interessado em mais detalhes existe uma matéria publicada sobre no a história do desenvolvimento de Halo: Chronicles.
Durante o período de pré-produção de Halo 3: ODST, a Bungie teve diferentes ideias para este novo jogo que deveria ser desenvolvido em cerca de um ano. Eles sabiam que não queriam mais um jogo sobre Spartans, então até cogitaram produzir um game cujo protagonista seria um membro do Covenant e de uma força Elite de operações especiais da aliança.
Esta ideia não foi para a frente e o time continuou a cogitar novas possibilidades. Entre elas, um jogo no qual uma versão jovem do Sargento Johnson seria protagonista numa história que se passaria no início da guerra humano-covenant.
Mas após analisar estas ideias e outras, como um Halo sobre Marines/Fuzileiros, eles chegaram a conclusão de que fazer um game sobre ODSTs seria uma boa ideia.
Alguns dos motivos para isto foi o fato de Paul Bertorne e Joseph Staten estarem cansados de produzir jogos com o Master Chief, um super-soldado que poderia fazer qualquer coisa e passar a sensação de ser imbatível, além de quererem fazer algo que não tivesse um level designer mais linear — como Halo 2 e 3.
Com um curto tempo para desenvolver Halo 3: ODST, a equipe decidiu que o cenário ideal seria Nova Mombasa (uma localidade presente em Halo 2 e 3). A parte mais difícil seria moldar um cenário que não fosse simplesmente linear, e que de fato fosse parecido com uma cidade e que o jogador realmente se sentisse em uma. Isso gerou uma boa dor de cabeça para os artistas, pois eles nem tinham tanta certeza se o motor gráfico conseguiria aguentar um jogo com um mapa mais aberto, principalmente com o tempo bem curto de desenvolvimento.
Sendo assim, para contornar as dificuldades encontradas na confecção do mundo, os criadores utilizaram vários objetos e itens que haviam sido empregados na confecção de Halo Chronicles e Halo 3.
Uma vez que o motor gráfico era o mesmo de Halo 3, os desenvolvedores decidiram deixar isso bem explícito no título, e este é o único ponto de comparação entre os dois jogos. Antes o protagonista pulava inúmeros cenários diferentes, mas aqui o jogador explora as ruas de uma cidade destruída pelos Covenant com uma ênfase maior em melancolia e silêncio.
Com um time de menos de 20 pessoas trabalhando em tempo integral no projeto, Halo 3: ODST seria um jogo com um escopo menor e custaria apenas $30. No entanto, a Microsoft queria que ele fosse o maior lançamento do Xbox 360 no final de 2009. Isso fez com a ambição do game aumentasse, assim como seu preço, que passou a ser de $60.
O que muitos não lembram é que o jogo foi anunciado como Halo: Recon na E3 2008. Porém, por conflitos de direitos autorais com o time Tom Clancy (Ghost Recon), a Bungie teve que mudar o subtítulo para Halo 3: ODST.
A narrativa de Halo 3: ODST tem início logo após a fase Metropolis, de Halo 2, mais especificamente quando a nave do Prophet of Regret invade a terra. Ela foca em um grupo de ODST’s (em português ‘Tropa de Choque de Desembarque Orbital’), uma tropa de soldados que são lançados no campo de batalha para surpreender os inimigos.
Quando os soldados embarcaram em suas cápsulas e vão em direção a nave de Regret, o Profeta os surpreende e entra repentinamente em um slipspace. O portal, aberto no meio da cidade, acaba criando um enorme pulso eletromagnético que provoca uma pane de energia na cidade. O pulso causa um grande mal funcionamento em diversas cápsulas, fazendo com que muitas delas colidissem entre si e muitos soldados ficassem desaparecidos no processo. Por sorte o protagonista sobreviveu, mas infelizmente ficou desacordado por seis horas o que gerou em uma separação de sua equipe. Mais detalhes em uma matéria nossa que conta a história de Halo 3: ODST.
Daqui em diante, a narrativa passa a ficar ainda mais interessante, e é nela onde ODST mais se difere dos outros jogos. Nos títulos anteriores, você é um Spartan, um super soldado com uma armadura resistente e escudos que se regeneram rapidamente. Sua remoção foi um ponto ousado da Bungie para este jogo, já que agora nós não somos um Spartan, mas sim um soldado sem super-armadura, forçando o jogador a ter um cuidado maior.
Existe certas diferenças entre um ODST e Spartan, mas a principal delas é que os Spartans são modificados geneticamente e possuem uma super armadura que é bem resistente contra os armamentos dos Covenant.
A história de Halo 3: ODST se desenrola conforme o solitário protagonista explora a cidade em ruínas, em busca de seus companheiros. Em seu caminho haverá objetos que ao interagir não só irá revelar o paradeiro de seus colegas, como também permitirão que o jogador experiencie, por meio de flashbacks, como aquele item foi parar lá de fato.
Durante estes mesmos flashbacks a ação é desenfreada, lembrando até mesmo os outros jogos da franquia, mas quando elas terminam, um som de chuva e um saxofone como trilha sonora de fundo estão ali para te lembrar como você está solitário e necessita encontrar os seus colegas para saber se estão bem ou não.
Os dois primeiros flashbacks são linearmente obrigatórios de se fazer, mas após isso o jogo permite escolher qual dos outros segmentos você quer jogar. Por mais que ele te induza a seguir uma linha cronológica dos acontecimentos, você simplesmente pode ignorar isso e seguir a sua intuição ao explorar o mapa. O que era algo bem incomum para os jogos de tiro de antigamente, e que retornou parcialmente em Halo Infinite na franquia após alguns bons anos.
Conforme você explora a cidade, vai aparecer em seu caminho telefones públicos tocando sozinhos. Quando você interage com eles, irá ser revelado uma história paralela sobre como estavam as pessoas da cidade de Nova Mombasa durante o ataque do Covenant. Isso não é completamente necessário para compreender o que os desenvolvedores quiseram passar em sua campanha principal, mas é um bônus bem interessante e dá um incentivo maior para a exploração do jogo.
Não há muita diferença da gameplay de Halo 3: ODST quando ele é compara com os outros jogos, mas como já havia comentado anteriormente, você não é um Spartan, e sim um soldado comum.
Conforme o jogador avança na campanha, a cidade fica repleta de inimigos fazendo com que haja um cuidado maior em sua travessia, principalmente quando não há veículos para se utilizar. Mas ao usar o seu mapa tático e as armas silenciadas, o jogo fica mais equilibrado.
Uma adição interessante que Halo 3: ODST trouxe para a franquia é o modo Firefight (conhecido como Tiroteio no Brasil). Este modo de jogo é voltado para os jogadores que gostam de modos PvE nos quais você enfrenta inúmeras hordas de inimigos e vão gradativamente aumentando a dificuldade. O modo ficou tão popular que a Bungie levou isso para o Halo Reach, e depois a 343 fez uma variação dele o transformando em Halo Spartan Ops em Halo 4 e Warzone no 5. O modo também foi lançado com a DLC Awakening The Nightmare, de Halo Wars 2.
Como a Bungie não tinha muito tempo e recursos para fazer cenários inéditos, os desenvolvedores decidiram utilizar mapas da campanha, o que acabou encaixando bem com a narrativa.
Halo 3 ODST era para ser somente uma expansão do título anterior com apenas cerca duas horas de campanha, mas no final seu escopo cresceu tanto que se tornou um jogo próprio e único, abordando um tema semelhante ao de detetive, algo que nunca foi visto antes na franquia. Por mais que existam falhas em sua confecção, isso não o atrapalhou a render boas notas dos críticos e dos fãs, se tornando um game amplamente amado por todos e um título obrigatório para aqueles que tiveram um Xbox 360.
Comente aqui embaixo o que você achou deste jogo, e se gostaria que a 343 Industries retornasse com essa temática em seus jogos.
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