A matéria a seguir representa a opinião do autor e não necessariamente a visão da HPB.
A franquia Halo é marcada por altos e baixos. Além de grandes momentos de glória e de consolidação como o “rei dos FPS”, houveram e haverão fases de baixa e declínio. Como exemplo, temos os criticados Halo 5 e Halo 4, que atraíram bastante da comunidade. Diante de tantas desaprovações vindas do público e de resultados indesejados qual a maneira de lidar com a situação? A 343 parece ter descoberto a resposta com os mais recentes jogos de Halo.
Sem dúvidas, a melhor forma de levar Halo ao topo é ouvindo a comunidade e fazendo mudanças baseadas no feedback do público. Desde Halo 4 até os dias atuais, vemos diversos exemplos disso espalhado por todos os jogos da franquia desde então. Para mostrar isso, devemos relembrar os problemas dos últimos games da saga.
Com Halo 4, a 343 estreou na franquia Halo de forma polêmica. Apesar da campanha apresentar mudanças controvérsias, o multiplayer é responsável por receber a maior parte das críticas do jogo. Uma das principais razões para isso é a forma como o jogo se afasta ainda mais que seu antecessor ( Halo: Reach) do competitivo, fazendo com que a cena de eSports da franquia entrasse de vez no limbo. Mudanças como drops de armas, a remoção do descope (que é o jogador perder a mira ao levar dano), além de jogadores serem capazes de continuar correndo mesmo sendo alvejados, foram cruciais para o desbalanceamento do jogo.
Para ilustrar o fracasso do multiplayer de Halo 4, é necessário pontuar que Halo 4 perdeu mais de 87% do número de jogadores diários em menos de 3 meses em relação ao pico do jogo, ocorrido no segundo dia de lançamento. O baixo desempenho do jogo somado ao declínio causado por Halo: Reach causou uma grande queda nos eSports de Halo, que é sentida até hoje.
Obviamente, a comunidade não ficou calada diante desses resultados. Por consequência, fãs da franquia deram seu feedback para a 343, que os ouviu.
Em Halo 5, muitas mudanças apresentadas pelo multiplayer Halo 4 não foram vistas. A desenvolvedora estava ciente dos aspectos criticados do jogo anterior e trouxe de volta mecânicas importantes, como o descope e a impossibilidade de correr enquanto alvejado.
Além disso, houve o retorno de uma das características de Halo mais importante de todas, que está na franquia desde o primeiro jogo, mas foi abandonada em Halo 4, que é o modelo de multiplayer de arena. Ele consiste em partidas nas quais os jogadores iniciam de forma exatamente igual, com as mesmas armas e habilidades e sem nenhuma vantagem sobre o outro. As armas especiais e power ups ficam espalhados pelo mapa, e cabe aos jogadores traçarem estratégias para conquistá-las.
Isto é o que Halo sempre foi antes de Halo 4, mas voltou a ser em Halo 5 graças ao feedback da comunidade. Ao ouvir os fãs, a 343 entendeu que Halo não é uma franquia que simplesmente pode ser mudada por completo para adotar mecânicas de Call Of Duty — como a escolha de loadouts personalizados antes das partidas.
Com a volta dos aspectos clássicos do multiplayer, foi possível ver um aumento significativo nos números de eSports e também uma visível alta no número de jogadores ativos em relação ao jogo anterior — Halo 5 foi o jogo da franquia com mais jogadores mensais ativos desde Halo 3. Outro exemplo que ilustra a evolução é o Halo World Championship 2017, que é o torneio digital mais assistido da história da franquia Halo, com mais de 13 milhões de espectadores únicos.
Mas é claro que Halo 5 também recebeu bastante críticas, principalmente na campanha. Porém, mais uma vez, a 343 ouviu os fãs e agora promete corrigir muitos desses erros em Halo Infinite.
A campanha do jogo de 2015 teve uma recepção bastante negativa por diversos aspectos. Entre eles, está o fato de que os jogadores podem jogar apenas 3 das 15 missões do jogo com o Master Chief. Considerando que o game dura cerca de apenas 5 horas no modo normal — outro motivo de críticas, uma vez que a 343 prometeu a maior campanha da história da franquia —, só é possível jogar com o grande protagonista de Halo por apenas algumas poucas horas.
Diante do reconhecimento deste erro, a 343 fez Halo Infinite com o objetivo de ser um jogo inteiramente focado na jornada do Master Chief, assim como os fãs requisitaram.
Após ouvir as críticas dos fãs à Halo 5, a 343 prometeu que Halo Infinite será um jogo com uma história profunda, mas também simples, assim como Halo 3. Na realidade, já podemos ver essa volta ao clássico em Halo Wars 2, lançado em 2017 (1 ano e 4 meses depois de Halo 5). No RTS, a história, apesar de envolver diversos personagens e objetivos, é contada de forma simples, com um início, meio e fim.
Isso nos leva a outro aspecto bastante criticado em Halo 4 e 5, mas que foi modificado em Halo Wars 2 e Halo Infinite: o estilo de arte, design e trilha sonora. Nos dois jogos citados primeiro, a 343 pretendia dar sua própria cara ao universo de Halo, mudando drasticamente a aparência de armas, inimigos, armaduras, naves e até dos temas ouvidos ao longo dos jogos. Ao menos, as trilhas de Halo 4 e 5 foram bastante elogiadas. Isso mostra como o problema não é necessariamente a qualidade dos novos estilos ou das mudanças feitas, mas sim o fato de que muitas delas não necessariamente se encaixam com o que muitos fãs esperam de Halo.
Em Halo Wars 2, já é possível ver uma volta ao estilo de design apresentado na trilogia original da saga, o que agradou os fãs. Não bastando isso, a trilha sonora também abandona muito do que é apresentado nos dois jogos anteriores e volta a um estilo “clássico”. Com Halo Infinite, não é muito diferente. Nele, podemos ver como a 343, após ouvir os fãs, quer fazer um FPS que alia o clássico ao moderno.
Sem dúvidas, uma das ausências mais sentidas pelos fãs em Halo 5 é o split-screen/tela dividida. Por conta de problemas de otimização, a 343 decidiu que Halo 5 seria o primeiro game da franquia a não permitir que dois jogadores ou mais da franquia jogassem juntos no mesmo console. Após a rejeição da comunidade, a 343 anunciou que todos os futuros jogos da franquia Halo, incluindo Halo Infinite, terão suporte a split-screen.
Em Halo 5, também tivemos as polêmicas lootboxes, que foram chamadas de REQ Packs. Apesar de fazer diferença apenas no modo social Warzone, os packs foram bastante criticados por serem baseados não na habilidade e no mérito dos jogadores, mas sim na sorte. Em Halo Infinite, a desenvolvedora confirmou que não teremos lootboxes, mas sim um sistema de passes, que recompensará os jogadores por completar desafios.
Todos esses são exemplos que mostram que, quando a desenvolvedora ouve a comunidade, os resultados tendem a ser benéficos para todos os lados e também para o jogo em si.
Também não devemos nos esquecer das polêmicas em torno de Halo Infinite desde a revelação de gameplay, em 2020. Por causa de gráficos e modelos considerados por muitos de baixa qualidade, o jogo recebeu uma chuva de críticas. Cerca de um mês depois do evento, Halo Infinite foi adiado para que a 343 tivesse mais de 12 meses adicionais para concluir o desenvolvimento do jogo.
Desde então, a 343 já divulgou novos trailers e imagens de gameplay, onde é nítido a evolução dos visuais do jogo, além de outras mudanças, como a mudança do modelo da pistola Sidekick. Mais uma vez, a evolução passou pelo importantíssimo feedback da comunidade, que foi ouvida pela 343.
Além de todos esses exemplos, poderíamos citar as atualizações da Master Chief Collection ao longo dos anos e da evolução do programa de flights da franquia.
Em resumo, é inegável que a franquia Halo passou e ainda passa por um momento de declínio em comparação com o que já foi há cerca de 10 a 15 anos atrás. Porém, a história dos fatos ocorridos desde as falhas de Halo 4 mostra que a saga tem tudo para voltar a ser “o rei dos FPS”. Basta que a 343 continue a ouvir os fãs e nunca se feche ao feedback da comunidade. Afinal, o consumidor tem um papel vital no desenvolvimento de qualquer produto.
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